terça-feira, 23 de outubro de 2012

Montarias

BusDevo ao ministro Gaspar a redescoberta dos transportes públicos lisboetas, coisa que não usava desde o tempo em que andava a gastar, à minha conta, uma enormidade na minha fraca educação.

No Metro, ainda há uma semana, à falta de caras expressivas para olhar, entretinha-me a observar as unhacas coloridas que os pés descalços femininos tinham para mostrar. Fazia as viagens a comparar cores, tamanhos, perfeições (ou imperfeições) e dava por mim a chegar ao destino sem nunca concluir o que tanta cor, tamanho ou perfeição significaria para a vida de quem assim se mostrava.

Numa semana tudo se alterou, tudo ficou muito mais inexpressivo, como continuam a ser inexpressivas as caras que andam no Metro de Lisboa. As cores, tamanhos e perfeições escondem-se agora em botas de montar. Tudo mais igual, mais coiro, menos cor, menos tamanho e com igual perfeição. Não fossem umas (botas) terem esporas e outras não, nada me conseguiria entreter nas viagens que o ministro Gaspar me fez redescobrir.
LNT
[0.524/2012]

1 comentário:

QualquerUm disse...

Bom...
Se antes em vez de olhar para as unhas dos pés tivesse subido o olhar cerca de 75 cm mais para cima (sentados) ou cerca de 1,2 metros (de pé), teria certamente encontrado bons indicativos para uma perspectiva mais optimista do sentido da vida (da vista) e a outros pensamentos.
Não sei se me expliquei bem...