sexta-feira, 13 de março de 2009

Botão Barbearia[0.213/2009]
Real ShowPatas de pulga

Pelo que se ouviu esta manhã foi decidido encerrar uma escola na Alemanha devido a suspeitas de que pudesse estar em preparação um novo atentado contra os estudantes.

Mesmo abstraindo das razões e das (i/a)moralidades que podem estar por trás destas acções juvenis, mesmo não havendo sequer vontade de perceber o que significam estes actos tresloucados, os orgãos de comunicação social, principalmente as televisões, não prescindiram dos títulos e das imagens que serviram directamente as pretenções de quem cometeu este tipo de actos.

Ontem, quase em sessão contínua, passavam-se nas televisões portuguesas (imagino que também no resto do Mundo) os últimos segundos da vida de Tim K., embora tenha havido a decência de baixar a objectiva no momento em que ele se matou (ou o mataram). Vê-se o miúdo sentado no chão depois de ter sido alvejado numa perna, baixa-se a câmara para o chão para logo de seguida se passar a cena do adolescente morto. Hoje soube-se na rádio que ele teria declarado ir fazer uma coisa que o colocaria nas primeiras páginas mundiais do dia seguinte.

Objectivo conseguido.
LNT

3 comentários:

manuel gouveia disse...

Nem todos os adolescentes conseguem realizar os seus sonhos...

mdsol disse...

Sr. Luís da Barbearia;

Concordo com o que diz! Mas está visto que, por eles, não entendem... Fico sem chão nestas alturas...
:))

Helena Araújo disse...

Provavelmente já não virá ninguém ler este comentário, mas arrisco na mesma:

- Eu, que moro na Alemanha, não vi uma única vez esse filme dos últimos momentos dele. Tanto melhor!

- Em compensação, no próprio dia da tragédia discutiram na televisão o papel multiplicador das notícias. Explico: Columbine serviu de exemplo para Erfurt, estes dois para Emsdetten, etc.
Parece que o fenómeno começa a ser encarado com muita seriedade: não se sabe porque é que fazem isto, mas sabe-se que os miúdos "ficam empolgados" com o tratamento mediático destas tragédias.
E na Alemanha - onde não há pobreza, etc. etc. - começa a haver um número preocupante de jovens que namoram a ideia de um amok, para além do número de casos que já ocorreram realmente.

- A Polícia precipitou-se, e tomou como verdadeira uma mensagem que depois se revelou ter sido forjada. Algum engraçadinho arranjou maneira de colocar o anúncio do massacre num chat internético. Um ministro acreditou na Polícia, e anunciou a existência dessa mensagem, o que deslocou a discussão para a responsabilidade de quem leu e não fez nada.
Tanto quanto sei, ele não anunciou nada nem deixou carta alguma a explicar.

Ontem ouvi um grupo de alemães a discutir que estas coisas só acontecem nos países do Norte. No Sul da Europa parece haver outro modo de gerir frustrações e descontentamentos, enquanto que no Norte as pessoas vão guardando dentro de si até ao ponto em que tudo explode.

Uma última nota: quando estas coisas acontecem, a sociedade desata a discutir "onde é que erramos?"
Vamos com calma: quem errou foi quem entrou numa escola a disparar!
Gostava que se falasse mais claramente sobre a responsabilidade do autor do ataque.