terça-feira, 27 de outubro de 2009

Diálogos com a memória, a shamba e Berlim

Urso Pinguim
' Turno, aquilo que nenhum Deus ousaria prometer-te, o acaso oferece-te hoje. Eneias, tendo abandonado o seu exército, o seu campo, a sua esquadra, dirige-se ao monte Palatino para chegar à cidade do rei Evandro e avança até à fronteira da Etrúria. Aí alista soldados lídios e dá armas aos habitantes campestres. Porque hesitas? Chegou o momento de fazeres marchar os teus cavalos e os teus carros. Apressa-te e leva ao campo inimigo o tumulto e a desordem. '
A Eneida - Euríalo e Niso

Conversas velhas, diz o José Pimentel Teixeira, secundado por Joana Lopes e mais recentemente pela Helena Araújo.

Isto das feras da Blogos é coisa antiga de 2004, objecto de resmungos e coisas que tal e JPT , JL e HA atribuem o acirramento que está a transformar a feralização de sempre da Blogos em bestialização, aka "besferização", à arregimentação político-partidária e à circulação dos mercenários de missão em missão.

Acontece que há tempos de guerra e outros de paz (assim como há combatentes que não são mercenários) e que terão de haver, sempre, espaços para os litigantes repousarem na sua condição de humanos, embora adversários. Mal estava que assim não fosse se até na vida real, longe das nossas letras e dos bits em que se transformam, há espaço para sermos gente.

Acontece que há quem não veja porque se limita a espreitar e não consiga olhar para além da forma. Esses estão tão enquistados nos seus formatos que não entendem que escrever não é só relatar, implica estilo e linguagem e que fazê-lo publicamente pode ser também um acto privado desde que seja só canal de expressão sem intenção de influenciar ou debater.

É a mescla da liberdade de pensamento e de expressão com o policiamento do pensamento alheio, dos juizos intolerantes, da iliteracia e da incultura. Se escrever não é só relatar, ler tem de ser interpretar.

Acabo com retorno ao começo:
As conversas podem ser velhas mas o objecto é novo. Antes, sem saudosismo, chamar de filho-da-puta a alguém não significava que a mãe do nosso interlocutor o fosse.
LNT
[0.684/2009]

Rastos:
USB Link ->
Ma-Schamba ≡ José Pimentel Teixeira
-> Entre as brumas da memória ≡ Joana Lopes
-> 2 Dedos de conversa ≡ Helena Araújo

4 comentários:

CPrice disse...

"ler tem de ser interpretar" :) assim nos demoremos no conteúdo, Caro LNT.

maloud disse...

Quer-me parecer que estas raparigas (ou rapazes) cheias de frescura se pelam por erguer fogueiras na defesa de uma certa moral que lhes povoa as cabecinhas. E mesmo que venham a perceber vagamente que falharam o alvo, o que importa é seguir alegremente até à próxima palpitação indignada. Tudo a bem do sitemeter.

maschamba@gmail.com disse...

1. eu também tenho saudades do tempo (pré-bloguista?) em que chamar "filho-da-puta" a alguém era entendido como o LNT o refere.

2. e também tenho saudades do tempo (já-bloguista) em que fazer comentários usando o mito do Sitemeter tinha piada.

3. à comentadora, não neófita, fica o reparo: o desprezo intelectual não é moral. É mesmo nojo. Das tristes sitemeterices, dos aparelhismos voluntários.

LNT, vou ver o Sporting ...

Helena Araújo disse...

Continuando sem saber que episódio deu origem a este desabafo, assino por baixo tudo o que seja apelo a saber ler os outros com cultura e grandeza.

Além disso, dantes, podia ser que o nosso interlocutor fosse adoptado. ;-)